Por Alyne Soares

Quando ele entrou por aquela porta, milhares de coisas passaram pela minha cabeça. Eu não o conhecia, não conseguia nem lembrar seu nome e se estivesse em pé, teria caído no chão. A única coisa que pude fazer foi olhar pra cima e tentar ser minimamente civilizada. Mas a visão que tive só piorou meu nervosismo.

Lindo. Daquele tipo de beleza que você tem certeza ser peculiar a certos tipos de homens e visível a certos tipos de mulheres. Não, nada de cabelinho perfeito jogado de lado, nada de barba bem feita e olho claro. Muito mais que isso. Barba por fazer, um cabelo lindo (que eu descobriria depois ter cheiro de natureza) e um sorriso que talvez fosse o melhor de tudo. E um jeito de ser que desafiou minha própria compreensão.

Sentou comigo no chão da minha sala grande e sem nada. Riu das besteiras que eu falei. Conversou sobre minhas convicções, sobre natureza, positividade e bom humor. Eu me senti uma garota de doze anos, sem saber o que falar, procurando as palavras certas, pensando que talvez algo que dissesse acabaria com aquele momento. E quando o tempo insistiu em passar e o momento acabou, me deixou um beijo e milhões de incertezas.

É obvio que não estou apaixonada por ele. 

Eu diria que apenas encantada com uma alma tão linda e que combina tão bem comigo. Também não vou negar que passei algumas noites pensando no que dizer da próxima vez que o encontrar. Ou na roupa que usarei. Ou em alguma frase legal, alguma musica interessante, qualquer coisa que faça ele não perceber que estou tremendo só por estar ao lado dele. 

Engraçado que eu sinto o cheiro dele de vez em quando. Aí olho pro lado, porque, vai que o destino é um doido varrido e a gente se encontra por aí. E vai que eu não tenha nada interessante pra dizer, nenhuma piada boa, esteja descabelada e suja, e mesmo assim ele abra aquele sorriso que fez meu coração quase parar no peito. 

Vai que tudo conspire pra nossos caminhos se encontrarem ou até mesmo nossos olhos. Vai que ele seja o que eu tanto procuro. Ou até seja igual aos outros, mas, peraí, os outros não fizeram meu coração quase parar com um olhar. E vai que, e sim tomara que, eu tenha causado nele, pelo menos a metade do que ele me causou.