Que ironia, já estou acustumada.
23:00Por Jéssyla Laressa
Eu detesto despedidas. - Mas quem é que gosta delas, não é? À cada despedida que presencio, um pedacinho de mim se esvai. Todas as pessoas que entram na minha vida, querendo ou não, deixam sua marca. Todas as pessoas que conheci, tornaram-se especiais, e contra a minha vontade, insubstituíveis. Eu nunca fui de substituir as pessoas. Isso é tarefa delas. Sempre tive medo de magoar alguém. Mas por ironia do travesso destino, quem é que sai magoada, machucada e com a vulnerabilidade estampada à flor da pele? Isso mesmo, eu. Que sortuda, não? Mas modéstia parte, já me acostumei. Sim, sim; ser substituída, trocada, e depois ser obrigada á agir como se nada tivesse acontecido? Ossos do ofício.
Mas com todas estas agradáveis desavenças do dia à dia, recebi um presente. Uma amiga. Talvez já tenha ouvido rumores à seu respeito, e talvez sejam amigos. Refiro-me a ironia. - Ironia, apresento-lhe este cidadão que está à ler este desabafo desnecessário que venho à escrever. Leitor, apresento-lhe a ironia. Já se conhecem, presumo. - Pois bem, feitas as apresentações […] A ironia vêm sendo uma ótima amiga. Ela me ajuda à disfarçar a dor. E até faz com que eu a esqueça. A ironia, é uma forma elegante de ser mau. Nada melhor do que insultar alguém – em particular quem fez-te mal – sem que este alguém perceba. E a pessoa fica ali, remoendo as palavras que você disse, sem compreendê-las, e sem saber que palavras arremessar em sua direção.
Como de costume, cometi um deslize. Escapei do assunto principal. As palavras parecem ter vida própria. Tenho de aprender à controlá-las. Recapitulando; sem sombra de dúvida, eu detesto despedidas. Elas sempre fazem com que meu coração desmanche. Elas fazem com que ele se seja partido em centenas de minúsculos pedacinhos. E eu, tenho de procurar as partes, sozinha. E depois de todo o esforço na busca inútil pelas partes deste órgão estúpido, como num passe de mágica, aparece-me um cidadão, e o parte novamente. Oh, adorável. – Olá ironia – Mas o que preciso aprender, é que o coração é apenas um músculo oco, que bombeia sangue para o resto de meu corpo e permite que eu viva. Mas este detalhe, estou quase no auge de seu aprendizado.
Ao longo de cada despedida, como eu já disse, um pedacinho de mim se esvai; mas outro pedacinho da mesma proporção, é acrescentado à um amigo que juntou-se à festinha. Este, não tenho certeza se já conhece, mas deveria conhecer. Todos deveriam. […] Amor próprio, está crescendo cada vez mais. E cada vez mais rápido. Estou gostando de ver.
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