The Writer

10:54

Por Andy Rodrigues

Eis que me ponho novamente à frente dessa situação irredutível à qual venho me submetendo umas tantas vezes. Não sei quando me convenci de que eu mesma, com essas mãos jovens e cansadas, poderia tomar o lápis e papel da vida para ditar e escrever uma história de amor que nunca me pertenceu, mas que brincava de ser minha. Até onde eu fui para que o papel sobrasse e a história tomasse para sempre o mesmo rumo? Um longo e contínuo ritmo, presa na dança da qual eu imaginava ter criado os passos, e agora eles me guiam.
O ruim de escrever uma história sem fim, é que você se perde justamente no começo. Para onde vou? No que vai dar? Não sei, não quero saber. Você não quer saber, e esse é o problema. Você não quer que ela tenha fim. Não quero que tenha fim. Então prossigo no ciclo vicioso de sempre saber como tudo vai ficar, de ter as prévias de cada cena, de cada ato, para depois começar tudo de novo. Isso cansa. Isso machuca. O pior, isso vicia.

Quero deixar registrado aqui, que não pretendo dar continuidade a esse texto, essa história de amor. Quero chegar atrasada, inventar desculpas, não ter motivos. Desliguei o piloto automático e dei as rédeas desse cavalo bruto ao universo, ou ao destino, quem queira comandar esse teatro. Não vou mais ser responsável pelos meus atos, ou pelos seus. Está na hora de se deixar levar, deixa por aí o lápis e o papel, agora a nossa história (se de fato ela existir) será escrita pelas estrelas. 

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