Quem te ensinou sobre o amor?

19:08

Por Jéssyla Laressa


Quem te ensinou sobre o amor? Tudo bem, eu sei que amor não é aquilo que vem no dicionário, não é apenas definição de palavra, mas você ainda não entendeu que o amor é mais do que os livros empregam, do que os poemas falam. Eu assumo que não sei tudo sobre o amor, mas não faço que nem você, que assume saber tudo sobre ele, que acha que sabe tudo e na verdade, não sabe. Éramos um só, se lembra? Acho que por essas alturas não deve se lembrar direito, mas éramos quase que apenas um, tínhamos tudo para darmos certo, tínhamos o amor, tínhamos a vontade, o tesão e os sorrisos. Mas tudo foi mudando, perdendo o sabor doce e se tornando amargo, talvez tenhamos errado demais um com o outro, talvez tenhamos sido demais um para o outro. Mas talvez tenha sido que apenas um amou, apenas eu amei e continuo amando, porque eles não colocaram isso no Aurélio e em nenhum dos outros dicionários, o mais importante sobre o amor: Ele não acaba.

E o seu amor ou aquele sentimento que você dizia sentir por mim acabou tem umas três semanas desde quando você resolveu sair da minha vida sem ao menos deixar um bilhete na geladeira como fazia nos sábados de manhã. Mas eu, claro que deveria ser eu, continuo lhe amando, lhe querendo bem, bem ao meu lado como acho (tenho certeza) que deve ser, porque ninguém saberá lhe cuidar como eu, mesmo sendo assim errante; continuo amando e isso agora machuca.

E às vezes penso que seria melhor não ter lhe conhecido, não ter feito todos aqueles planos na poltrona comprada por mim e de cor escolhida por você. Eu ainda não consigo olhar para aquela poltrona sem me lembrar de você ali agarrado em mim, massageando vez ou outra meus ombros e me fazendo sentir o doce do amor. Não consigo olhar para a poltrona e não ver você bem ali, com a regata branca que lhe dei no natal; não consigo não ver ela e não chorar e não me lembrar e não sentir doer. Mas seria melhor não ter conhecido você, alguém que não sabe o que é amar. Evitaria essas contas exorbitantes que chegam sem parar da farmácia (andei comprando alguns lenços, remédios para dormir e para dor muscular, já que falaram que o coração é um músculo, resolvi tentar). 

Mas ao mesmo tempo não me arrependo de ter lhe conhecido e se fosse possível faria tudo de novo, compraria a poltrona junto com você, só que dessa vez eu escolheria a cor, iria te ensinar sobre o amor e sobre amar. Quem sabe se tivéssemos uma segunda chance eu não estaria escrevendo um texto sobre a falta que você faz e sim como você me faz feliz, ou melhor, eu não estaria escrevendo, estaria vivendo, vivendo os planos e sonhos, vivendo o amor que você já teria aprendido, como teríamos aprendido se estivéssemos juntos. Porque convenhamos, não sabemos nada sobre ele, não sabemos nada sobre nada e é essa a verdade. Não sabemos da vida e do futuro, só sabemos do presente e agora eu estou sem você, com saudade, sentindo meu coração ser amassado pela dor de não lhe ter aqui, pela falta que você faz e a precisão. 

Quem te ensinou sobre o amor ensinou errado. Quem te ensinou sobre amar não disse que não se vai embora sem ao menos dar um explicação, digo, quem lhe ensinou sobre o amor não ensinou que quem ama fica, não vai. Ou, quando vai volta. Então me ame do modo certo, volte e fique, porque quem te ensinou sobre o amor não sabe nada.

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