Por Débora Queirós

Já faz um tempo que não escrevo sobre nós dois. Aliás, já faz um tempo que eu não escrevo sobre nada e ninguém. Os dias estão passando tão depressas, que ás 24 horas não estão dando conta de todos os afazeres. Acontece que quando termina o dia e me pego pensando na gente, já é tarde e normalmente estou olhando pro teto, lembrando que não escrevi no diário sobre o dia que tive ao seu lado. E por muitas vezes foi assim, acordar, pensar e dormir pensando, em nós dois. Sempre em nós dois. 

Mas hoje foi diferente, do pensamento surgiu a vontade e da vontade passei a escrever sobre o mundo que tu tens me proporcionado. Ele é tão mágico. Normalmente o encontro quando estou com a cabeça no seu ombro, voltando pra casa naquele lugar turbulento e cansativo, dai no meio de tanta gente falando, me perco imaginando o meu novo mundo, aquele que tenho você ao meu lado. Me fazendo ser feliz por coisas tão insignificantes, que chega até ser engraçado. 

O olhar por trás do banco da frente, o primeiro abraço meio sonolento, as mãos dadas enquanto caminhamos, o beijo no rosto quando nos encontramos novamente, o horário marcado de nos vermos na saída, a espera e o sorriso ao te ver chegando do trabalho, as conversas intermináveis enquanto ficamos impacientes esperando a próxima condução, a cabeça no ombro e o pensamento sobre como é bom de ter ao meu lado. Nessa ordem. Sempre sobre nós dois.

Daqui pra frente, os dias não terão mais essa rotina e não irei encontrar meu novo mundo todas as manhãs quando te vejo. Eu fiquei mal acostumada, essa é a verdade. E te imaginar o mais longe que seja, me faz ter medo. Medo de sofrer, medo de sentir saudade demais, medo de perder a imagem perfeita do novo mundo que construímos juntos.

 Porque mesmo que feche os olhos e imagine você aqui, não será na mesma intensidade. Não estarei sentindo você ao meu lado, nem o seu perfume, nem a sua mão sobre a minha. Por isso, espero que todas as manhãs eu possa ao menos ouvir sua voz, pra saber que do outro lado da linha, minha outra metade está me esperando, tão impaciente quanto eu, pra nos encontramos novamente e recomeçarmos de onde paramos. Um ao lado do outro, sempre.